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Sexta feira 13





Sempre me perguntei o porquê de tanto receio em relação a sexta feira 13. Usam o termo “As Bruxas estão a solta” e, é muito comum associarmos este número com as antigas superstições ligadas a gato preto, bruxas, maus auspícios e até tragédias. Nas minhas pesquisas, não encontrei uma origem certa para tal, porém, há lendas e mitologias que explicam o motivo de tal aversão ao dia.
1- O número 13 é também conhecido como “a dúzia do diabo”, um número de azar por excelência. Já se sabe que tudo envolvendo o diabo deve ser temido ou evitado, as superstições já começam por aí.
2- O 13, tradicionalmente significa “morte”. Tanto que se diz, “onde há 13, há morte”. O “fim do mundo” começa no 13° capítulo do Apocalipse Bíblico. Seria o fato de Jesus Cristo ter sido crucificado em uma sexta-feira e, na sua última ceia, haver 13 pessoas à mesa: ele e os 12 apóstolos.
Ao meu ver, a morte do 13° (Cristo) simboliza, portanto, a força transformadora que por meio do sacrifício de um, possibilita a salvação do todo. Mas a interpretação popular da metáfora distorceu o significado original e o número 13 virou um número de Judas, com conotações nefastas.
3- Na mitologia germânica, o trapaceiro – e décimo terceiro – deus Loki, traiu Baldur, o deus da primavera. Em uma outra passagem, diz a lenda que um banquete para 12 Deuses, no Valhalla (o paraíso escandinavo), provocou a ira do Deus do Fogo, Loki, porque ele não tinha sido convidado. Enciumado, ele teria armado uma cilada para o Deus do Sol, Baldur, favorito de Odin, o Deus dos Deuses.
4- Nas antigas sociedades matriarcais, onde o número 13 era sagrado pois representava os 13 meses do ano lunar. Sociedades que se baseavam em calendários lunares (baseados nas fases da lua) – os mais antigos calendários criados – viam o tempo como um fenômeno cíclico, não linear. A natureza funciona em ciclos – nascimento, crescimento, morte; nas estações: verão, outono, inverno, primavera etc. – e as sociedades que utilizavam esses calendários se baseavam nesses ciclos que observavam ao seu redor para entender a vida, a natureza e a “realidade”. Portanto, para esses povos não existia a mesma ideia de “fim” absoluto ou de “morte” como entendemos hoje. Num calendário lunar todos os meses tem 28 dias (uma média dos ciclos lunares) – como o ciclo menstrual feminino -, por isso possuíam uma relação profunda com o feminino.
Assim, voltando ao calendário lunar, no 13° mês o sol “morre”, no solstício de inverno. Nessas sociedades isso não era um problema, já que a morte faz parte de um ciclo, dessa forma, o jovem Sol renasceria no dia seguinte.
Mas, quando a noção de tempo linear se impõe nas culturas patriarcais, que passam a preferir a constância do Sol do que à instabilidade da Lua, “matar o sol” é um problema. Assim, as culturas que adotam o calendário solar, e o princípio masculino, passam a considerar tudo que se refere aos ciclos lunares e seus calendários como relacionados a mau augúrio, maldição, enfim, desgraça e azar. O 13 passa a ser um número ligado a coisas ruins.
Muitos mitos, deidades e heróis aparecem na quantidade de 12 (12 profetas, 12 sábios, as 12 tribos de Israel, os 12 signos do zodíaco, as 12 horas, 12 = uma dúzia). O 12 encerra um sistema completo, coeso e perfeito. O 12 passa a idéia de segurança, de algo que está estruturado, perfeito e inviolável. O 13, então, significa a ruptura de tudo isso, a transformação (destruição).
O 13, como transformação, passa a idéia do desconhecido e, por isso, ele traz o “medo”.
5- Nas cartas do Tarot, o Arcano 13 é a carta da morte, até por uma possível associação com as letras hebraicas. O treze corresponde a letra hebraica Mem, que representa o Renascimento e a Liberdade.
É muito comum temer a morte, principalmente porque sempre temos anseio do desconhecido, da regeneração espiritual, e principalmente finalizar qualquer ciclo, ela traz um período de aceitação, tristezas e insegurança.
6- Esta superstição também está associada ao fatídico dia em que o rei da França, Filipe o Belo, ordenou prender e matar todos os Templários (homens que se dedicavam a proteger os peregrinos que se dirigiam à Terra Santa) sob a acusação de feitiçaria.
7- Segundo outra lenda, a deusa do amor e da beleza era Friga (que deu origem palavra friadagr = sexta-feira). Quando as tribos nórdicas e alemãs se converteram ao cristianismo, a lenda transformou Friga em bruxa. Como vingança, ela passou a se reunir todas as sextas com outras 11 bruxas e o demônio. Os 13 ficavam rogando pragas aos humanos.
A sexta-feira e o 13, juntos ou separados, na verdade, nada podem. Eles mesmos não têm poder algum. São inofensivos. O poder está em quem acredita que eles têm poder. O poder, para o bem ou para o mal, está em que acredita que eles podem criar, gerar ou fazer o bem ou o mal.
Esta superstição é tão tola que, se fosse verdadeira, os covens não seriam compostos por 13 bruxos. E o número 13 é especial, pois também se refere às 13 lunações do ano, tão importantes para nós, bruxos e sacerdotes.
Não tem nada relacionado ao azar ou sorte, mas sim à chance de recomeços, ele se relaciona com um sistema organizado de início e términos de ciclos, e além disso representa em sua perfeição a força, determinação, fé e mudanças benéficas.



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